quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A vida

A vida é mesmo um ciclo vicioso? Será mesmo que a linha que separa o fim e o começo é muito tênue? Ou será que o fim significa um recomeço? Essas questões martelam-me a cabeça e me fazem sair em busca de respostas que estão além da minha condição atual de simples observador. O ontem, o hoje e o amanhã o que são além de algo que criamos para termos a noção de tempo?

Quando criança tinha muitos questionamentos. Uma inquietude já me impulsionava na busca de outros nortes que pudessem me levar a um mundo onde era só abrir uma porta, e pronto! A resposta está ali, inerte à minha espera. A facilidade de imaginar e criar situações era a maior virtude que eu tinha. Engraçado lembrar-me agora que passava horas brincando sozinho dentro de um mundo abstrato criado pela minha imaginação inocente de criança. Eu sempre sonhei alto. E sempre quis ser o reflexo do que meus pais eram. Quanta responsabilidade, ter em uma só pessoa o caráter do meu pai e toda a meiguice e determinação da minha mãe.

Conheci o amor. E como o amor me fascinou. Que nostálgico, nesse momento estou lembrando de como via o amor na infância. A imagem do primeiro beijo, ambos ainda puros em relação aos reflexos do afeto. Assim, aproximamo-nos de forma lenta e poética, e sem nenhuma malícia, deixamos com que os nossos lábios se tocassem e de subido interrompemos o que achávamos ser impróprio para a nossa idade. Era o nascimento do amorzinho de criança, que para muitos é a confusão que fazemos com a descoberta da afetividade, e acabamos confundindo amizade com amor. Entretanto, essa confusão é muito justificável quando se trata de crianças.

Mais tarde aprendi que as relações afetivas podem machucar. Aprendi que um “Eu te amo” pode ser dito da boca para fora, sem que necessariamente o coração o queira dizê-lo. Aprendi que uma atitude vale mais que mil palavras. E que mil palavras podem ser poucas para confortar um coração que sucumbe a uma hemorragia causada pela doce e malvada espada da paixão. Uma coisa eu descobri, que amor é algo que dura por uma eternidade. Pode ficar guardado em algum lugar no coração, mas nunca estará esquecido. Quando for acessa uma minúscula fagulha que possa revivê-lo, assim como a fênix ele ressurgirá das cinzas e voará por céus antes habitados e outros ansiosos para serem descobertos.

Tempo! Consegui ter a percepção de que ele serve para aliviar as grandes dores que assolam o peito. O ontem, o hoje e o amanhã, agora já têm outro significado para mim. Começo a resolver as questões antes propostas. As minhas lembranças do que fiz ontem, e os reflexos das minhas ações me fazem caminhar hoje. Nessa ótica, o que eu fizer hoje será proporcionalmente refletido em meu amanhã. Então, por que não tento consertar coisas erradas que fiz no passado? Infelizmente, existem coisas que não podem ser reparadas. Existem coisas que precisam ficar guardadas no baú dos tempos. Uma viagem ao passado, é...não seria má idéia...poderia refazer um novo caminho e ter novamente a chance de abraçar as oportunidades que deixei passar. Mas, será que eu seria feliz hoje se pudesse fazer isso? A incerteza acovarda-me e percebo que é melhor continuar olhando na dianteira.

Sinceramente, acho que tudo o que aconteceu foi válido. Perdi coisas para que pudesse ganhar outras, aqui respondo que realmente o fim significa um recomeço. Um recomeço, mas de acordo com vários pontos de vista pode ser entendido como a possibilidade de uma nova oportunidade, seria a oportunidade dentro da oportunidade, se assim a querem chamar os mais rebuscados oradores. É! Não posso me furtar em dizer que gostaria de ter algumas oportunidades dentro das oportunidades. O mais cômico é que as incertezas vão ficando cada vez mais complexas à medida que vamos amadurecendo. Gostaria de afirmar se na hora da morte podemos avaliar o que era certo e errado, já que essa perspectiva dos fatos é algo que leva realmente vários prós e contras.

O que posso afirmar nesse momento, é que temos que ser mais intensos do que somos habitualmente. E que a tenuidade dos extremos são mais nítidas do que a nossa vão filosofia possa compreender. Por isso e por tudo que o amor me fez, ainda faz e irá me fazer viver, é que quero ser lembrado pela essência dos meus sentimentos, porque a vida tem que ser medida pela sua intensidade e não pela sua longevidade.