quarta-feira, 2 de julho de 2008

Entrevista com Kelly Campos, Jornalista e Autora do livro "Para não dizer que não falamos de cinema: o movimento do super-8 no Maranhão (1970 a 1980)"

No último dia 18 de junho, as jornalistas Kelly Campos e Luana Camargo, lançaram o livro “Para não dizer que não falamos de cinema: o movimento de super-8 no Maranhão (1970-1980)”. O evento fez parte da programação do 31º Festival Guarnicê de Cinema, e aconteceu no Centro de Criatividade Odylo Costa, Filho.

O livro é resultado da monografia das duas autoras no curso de Jornalismo da Faculdade São Luís. As autoras fizeram um resgate de uma história bastante significativa, onde mais de uma centena de filmes foram produzidos na capital maranhense. “Esse ciclo produtivo, que perdurou por mais de 10 anos, em São Luís, e ganhou prêmios nacionais, pode ser caracterizado como um movimento de Cinema Super-8 e envolvia nomes hoje bastante conhecidos no cenário cultural da nossa cidade: Murilo Santos, Euclides Moreira Neto, Nerine Lobão, Ivan Sarney e muitos outros”, comentou Kelly Campos, autora do livro.

O PONTODECULTURAPT, conversou com Kelly Campos sobre cinema, política e incentivos à cultura no Estado. Em uma conversa franca e objetiva a autora nos mostrou a sua percepção sobre essas temáticas que são cada vez mais exploradas pelos meios de comunicação e acadêmicos.




PontodeCulturaPT - A década de 70 foi muito importante por diversos motivos, que incluem conquistas políticas em anos de repressão e grandes movimentos sociais e culturais em prol de garantir direitos que estavam sendo cerceados pelo Regime Militar. Você observa o movimento do Cinema Super-8 em São Luís, como um movimento que lutava contra o momento político do país?

Kelly Campos - Eles procuravam por meio dos filmes mostrar o que a censura não permitia. Só que a maioria das produções mostravam a cara do Maranhão, suas festas populares, danças, o cotidiano.

PontodeCulturaPT – O movimento durou exatamente dez anos e teve a produção de mais de uma centena de filmes. Atualmente o cinema maranhense não é tão expressivo, apesar de ter um festival que já ganhou proporções internacionais, a falta de incentivo ainda é um vilão para as produções culturais no Maranhão?

Kelly Campos - Não, o movimento demorou mais, mas tínhamos que delimitar nosso tema por causa da monografia. E nestes dez anos foram realizados noventa e oito filmes. Quanto à produção atual, acho que realmente está faltando incentivo das autoridades competentes.

PontodeCulturaPT - A pesquisa e elaboração do livro não foram fáceis. Tive a oportunidade de testemunhar a aflição e correria de vocês para que tudo fosse entregue no tempo determinado. Defenderam a monografia e depois ainda tinham que publicar o livro, que só foi rodado graças à intervenção de Euclides Moreira Neto. E a Faculdade São Luís? Qual foi o apoio dado pela instituição onde estudaram e nasceu esse sucesso?

Kelly Campos - Hehehehhe... (ai Ni!) Nenhum... Mas também não fomos pedir. Somente depois de já termos conseguido a publicação com Euclides é que a Faculdade, por meio da Lila (amiga de profissão e também de sala de aula) , nos ajudou a divulgar. Isso do livro. Mas agora, Luana está tocando um projeto de áudio book e, para este sim, a faculdade esta apoiando cedendo o laboratório de rádio para a gravação.

PontodeCulturaPT – O livro tem uma novidade na estrutura do texto. Ele foi escrito como se fossem cenas, como uma grande filmagem, que obedece a cortes, avanços e recuos. Você mesmo diz que o texto se movimenta, como isso acontece?

Kelly Campos - Isso acontece por causa da narrativa não linear que muitas vezes descreve o passado, o presente, um filme daquela época. Para que o leitor-telespectador possa sentir o movimento.

PontodeCulturaPT – o lançamento do livro contou com uma boa presença do público. Podemos afirmar que o livro é já é um sucesso?

Kelly Campos - Acho que não, mas estamos buscando isso. Para que assim mais pessoas possam conhecer nosso trabalho e conhecer essa produção que houve na década de 70 no Maranhão. Mas só o fato de podermos reunir vários cineastas daquela época nos deixou muito felizes.

PontodeCulturaPT – Esse é só o primeiro de vários livros, ou você prefere não adiantar nada para os seus leitores?

Kelly Campos - Essa pergunta acho melhor não colocar. Porque tanto eu como Luana iremos seguir caminhos diferentes. Acho, sim, que queremos lançar outros livros, mas agora sozinhas.

Nenhum comentário: