quinta-feira, 2 de outubro de 2008

ALGUMAS CRÔNICAS E POEMAS...


Agora foi oficializado que o brasileiro estar mais interessado com a própria aparência do que com o que come. Essa indústria da beleza está massificando essa tendência, que encontra legitimação em inúmeras campanhas que estão travestidas de um ideal bárbaro de beleza. Aos que aderem a essa nova moda, desejo-lhes muita sorte, pois irão precisar, já os que como esse blogueiro que vos escreve, sempre anda à margem de tal processo, o melhor mesmo é assistir a toda essa comédia pastelona de camarote.

SOBRE SEXO

Já ouvir muitas pessoas falarem que em mesa de bar só sai coisa que não presta. Por ser um freqüentador assíduo desse tipo de local, posso advogar em seu favor. As pessoas vivem travestidas de conceitos pré-estabelecidos e acabam falando de algo que não conhecem. Então, resolvi contar algumas conversas que tiveram como cenário um bar.
Semana passada estava tomando um chopp no bar ao lado da Faculdade. Faziam-me companhia dois amigos meus. Depois de alguns goles a mais de cerveja começamos a conversar sobre assuntos variados. Em um determinado momento a conversa passou para o campo do sexo. O que em princípio era só putaria, passou para uma discussão mais seria. Em alguns instantes nos encontramos envolvidos em uma questão antiga. A muito se fala de como homens e mulheres vêem o sexo propriamente dito. Éramos dois homens e uma mulher, mas apesar de sermos a maioria, não estávamos ali para ver quem era melhor e quem não era. Foi então que levantei uma questão:
- Por que o homem faz sexo e a mulher amor?
- Não, a coisa é diferente, as preliminares são mais importantes para a mulher do que a penetração propriamente dita (respondeu a minha amiga).
- Rapaz, eu prefiro ficar a noite todinha com a mulher só no estimulo sexual, sem penetração- Dito isso meu amigo tomou mais um gole e continuou- já passei noites com mulheres só fazendo isso, ambos nos masturbando um ao outro. Confesso a vocês que foi muito bom.
- Em relação ao que ela falou, vou dizer o que eu acho. A mulher faz sexo com a cabeça e o homem não, o homem é mais instintivo, o homem é mais o órgão sexual mesmo. A mulher começa a fazer sexo durante a sedução. No momento do primeiro beijo, em frases carinhosas, em carinhos, enfim, é quando a mulher se prepara para fazer amor. A mulher quer se sentir única na hora do sexo, daí o por que dela fazer amor e homem sexo.
- Você tem razão, esperamos ser únicas a todo tempo, mas principalmente na hora da intimidade, quando podemos fazer parte do mesmo corpo durante alguns minutos...
- É verdade! Desmentindo a Física, que fala que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.
- Essa conversa ainda proporciona muita história, pena que já é tarde e temos que ir.
Pagamos a conta e fomos para casa, passei uma boa parte da noite pensando naquilo. Discutimos sobre um assunto que é complexo, nos demos o direito de invadir dois mundos diferentes, mas que se completam. Em mesa de bar rola mesmo de um tudo, até uma conversa sobre o universo que são duas galáxias diferentes.

BRIGAS...

Brigas, alguns dizem que sem elas o amor perde a graça. E essa teoria é sustentada por uma “simples” explicação: depois de uma briga o casal faz amor como se fosse a primeira vez, tamanho é o carinho com que ambos tocam seus corpos. Concordo com essa teoria: nada melhor do que uma boa noite de amor depois de uma fervorosa briga de casal.

Agora nada me deixa mais sentido do que o choro feminino. Quando, no auge da discussão, a mulher começa a soluçar e derramar lágrimas que parecem infinitas. Confesso que perco o chão quando isso acontece e esqueço até o motivo da discórdia. Passo então a fazer mimos e a tentar secar aquele rio de lágrimas que escorrem pelo rosto sempre belo de uma mulher.

Felizes das mulheres que choram no meio de uma discussão caseira, por que as que usam dessa arma sabem que dominam o homem. E como é bom ser dominado por uma mulher.


AMAR É...

João é um amigo que ama de forma incondícional uma mulher que passou na sua vida. Passo horas conversando com ele e sempre o nome dela aparece envolto em alguma cena. Semana passada estávamos ouvindo “Coração Vagabundo” de Caetano Veloso, que estava sendo interpretada por Gal. Olhei para meu amigo e observei seus olhos brilhantes e cheios de lágrimas, falei então – Chora João, quem ama tem que expor seus sentimentos – Ele virou na direção contrária a mim, e falou entre soluços – quem ama é doente! – Fiquei ali parado sem palavras, sem chão e sem saber o que pensar.
Passei toda a semana pensando naquilo que ouvi da boca de João, às vezes me pego pensando na hipótese dele ter falado aquilo sem pensar. Será? É, acho que ele sabia muito bem o que queria falar. Por que o amor é doença? Talvez essa seja a visão de muitas pessoas, mas outras vêem o amor como sendo um remédio para a solidão, que para muitos é um mal mortal.
Sei que me pego pensando horas nessa frase e cada vez formo uma opinião, mas quando por vez penso novamente na bendita frase, percebo que estava errado e outra vez fico sem rumo procurando explicações para o inexplicável. A verdade é que amar não é doença. Ser doente é ser dependente de outra pessoa, é ser egoísta com os sentimentos, é querer a pessoa amada só para si, é nunca imaginar-se sem o amante do lado, é impor a sua presença na vida de quem se ama, é sentenciar a pessoa amada ao seu convívio até a morte, é ter na pessoa amada a figura de uma pessoa pura, é querer que o amante seja a pessoa mais perfeita na terra. Isso é doença. Amar se restringe a uma única palavra – LIBERDADE!


CANÇÃO DOS BÊBADOS EXILADOS

Minha terra tem cachaça,
Que domingo bebo no bar;
Os bêbados daqui,
Não são iguais aos de lá.

Nossos bares têm mais licores,
Nossas bebidas têm mais sabores,
Nas serestas dessa vida,
O boêmio encontra amores.

Em beber, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem cachaça,
Que domingo bebo no bar.

Minha terra tem licores,
Que tais não encontro eu cá;
Em beber - sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem cachaça,
Que domingo bebo no bar.

Não permita deus que de cirrose eu morra,
Sem que eu volte a beber lá;
Sem que desfrute dos calores
Das meretrizes que não encontro por cá;
Sem qui’nda aviste as cachaças,
Que domingo bebo no bar.


TODOS OS BÊBADOS SÃO RIDÍCULOS

Todos os bêbados são
Ridículos,
Não seriam bêbados se não fossem
Ridículos.

Também fui em meu tempo um bêbado,
Como os outros,
Ridículo.

Os bêbados, se há cachaça,
Têm de ser
Ridículos.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca beberam
Na vida
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo beber como bebia
Sem dar por isso
Como um bêbado
Ridículo.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas farras
É que são ridículas

(Todas as cachaças esdrúxulas,
como os sentimentos esdrúxulos,
são naturalmente
ridículos).

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá,

Adorei os textos!!!!!!

De fato, são interessantes!

Beijossssssss

Unknown disse...

Amar realmente é ser livre!A paixão é doença que invade nosso corpo e mente e nos deixa combalidos!! Entretanto, sem ela , naõ existe amor, que precisa desse fogo pra se solidificar em nossa alma.
Bjs e parabéns pelas escritas!!