quinta-feira, 23 de abril de 2009

Conto Inacabado

Entender o amor é uma atividade tão complexa, que requer tempo disponível e muitas noites em claro. No final de um caminho tão agonizante e cheio de incertezas, vem a real percepção de que por mais que uma resposta seja esperada, o que se pode observar é que não há nada a dizer, nem a compreender. Muitas estradas são percorridas, muitas portas são abertas, outras fechadas e nas entrelinhas de um contexto tão enigmático, a melhor opção é a de deixar a vida seguir seu próprio rumo.

Esses pensamentos incertos martelavam incessantemente a cabeça de Joseph, que passava horas tentando achar respostas para algo que a mente humana não pode compreender. Ele tinha uma vida normal, em certos pontos monótona e cheia de altos e baixos. Era um profissional respeitado e amante das artes. Tinha uma profissão que era a única coisa que lhe tirava a monotonia, e procurava na poesia as fugas inexoráveis de uma realidade maquiada criada para dar sustentação a uma felicidade muito distante da apresentada.

Fez da introspecção uma arma para observar as situações, assim ficou mais protegido das intempéries da vida. Tinha muitos colegas, amigos, bem poucos. Trabalhava em um lugar onde se sentia à vontade e podia colocar em prática um projeto de trabalho que sonhava nos tempos de faculdade. Em lugar onde uma gama considerável de bons fluídos emanava de forma espontânea uma suavidade mágica, não seria estranho o aparecimento de um grande amor.

Joseph chegou um dia ao seu local de trabalho e percebeu uma imagem divina que há tempos não reluzia em seus olhos. Era uma mulher linda, supostamente desenhada por mãos divinas e com curvas delicadamente maliciosas, que faziam com que algo fora do comum acontece dentro dele. Ele parecia hipnotizado com tanta beleza, uma beleza, assim, simples, harmônica e espontânea. Dela exalava uma essência inexistente nesse mundo, um perfume que entrou no corpo dele e procurou o coração para se refugiar.

Longos tempos de admiração e algumas poucas palavras que se resumiam – Boa tarde! – era o que ainda conseguia dizer quando encontrava com aquela que permeava seus sonhos mais poéticos. A vida obedecendo ao seu ritual surreal, pôs de forma mágica uma interseção em seus caminhos. Assim, os dois puderam se conhecer de forma mais intensa e a admiração de Joseph foi aumentando de uma forma sublime.

A cada encontro ele procurava ver nos olhos dela respostas para perguntas que ele fantasiava, mas que faziam bem ao seu coração indeciso. Os seus pensamentos eram torturados diariamente com a incerteza de algo parecido no coração dela. Emanuele! Esse era o nome da deusa dos sonhos de Joseph. Ele a admirava tanto que não conseguia esconder nem mesmo dela, mas ainda assim, sentia-se incapaz de ler nas entrelinhas.

Joseph já havia seduzido algumas mulheres na vida. Entretanto, seduzir é uma coisa egoísta, pois só satisfaz a quem consegue êxito, é algo que é feito para preencher o ego do sedutor, mas traz uma grande incerteza ao seduzido. Não! O que ele queria trazer era a certeza de um amor puro, sincero, devoto e construtivo. Não queria seduzir, queria conquistar, assim, conquistando aquele enorme coração, poderia não só fazer-se feliz, mas proporcioná-la também a suprema felicidade.

E agora Joseph sentia-se maduro para expor seus sentimentos, mas ainda tinha muitas incertezas. Sabia que ela percebia os galanteios, e até podia jurar que de alguma forma ela gostava. Entretanto, o medo de está precipitando as coisas o consumia de forma dilaceradora. É factual que o momento da verdade chegaria para ambos, e como já se fazia inevitável ao coração de Joseph, ele resolveu expor a ela o que sentia. Com tudo, como de súbito, resolveu calar-se e deixar com que as correntezas desse rio de paixões pudessem levar até o oceano de amores as ondas de um sentimento sinceramente puro e terno. Assim, deu à vida todas as prerrogativas para escrever o fim dessa epopéia.

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