quinta-feira, 3 de abril de 2008

Beatriz Bissio relata sua experiência na revista Caderno do Terceiro Mundo

No próximo dia 07, os profissionais da comunicação irão comemorar o Dia do Jornalista. É uma data a ser comemorada com muita reflexão, pois a mídia sempre participou ativamente de movimentos sociais, econômicos, políticos etc. Porém, atualmente uma das pautas mais discutidas diz respeito à ética no jornalismo, que parece ter ficado em alguns casos esquecida. Em tempos de escândalos políticos (muitas vezes plantados pela oposição) e assassinatos horríveis, estamos sempre observando matérias que deixam completamente à parte o verdadeiro sentido do fazer jornalismo responsável. Como exemplo da irresponsabilidade dos meios de comunicação, citamos a matéria do Diário de São Paulo, que estampou a seguinte matéria (vide imagem) sobre o assassinato da menina Isabella Nardoni. O jornalista Luiz Antonio Magalhães, em artigo para o site do Observatório da imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br), afirmou que:


"Um cínico pode alegar que tudo que está na manchete do jornal é verdadeiro, o Diário não veiculou informação falsa nem acusou peremptoriamente o pai de Isabella de assassinato. Sim, e provavelmente esta capa passou pelo departamento jurídico do jornal para avaliar se ela poderia ser objeto de processo. A manchete certamente também cumpriu o objetivo de fazer o jornal vender mais. Os responsáveis pela publicação sabem, também, que esta manchete destruiu a reputação do pai de Isabella. Ainda que no final das investigações o assassino seja outra pessoa, como bem observou na terça-feira (2/4) o jornalista Clóvis Rossi na Folha de S.Paulo, o pai de Isabella já foi condenado pela imprensa. No caso do Diário de S.Paulo, foi condenado e exposto com requintes de crueldade".

Deixaremos bem claro que não achamos A ou B culpados, nem inocentes, apenas demos um exemplo bem recente da ação da mídia em relação a esses temas. Estamos apenas colocando aqui a pauta da ética jornalística, agora, caro leitores, cabe a quem se achar em condições de julgar (se assim achar que deve ser), averiguar (achando que esse é o caminho certo) ou apenas esperar o desenrolar dos fatos e possível conclusão do inquérito policial.

DIA DO JORNALISTA

Voltando às comemorações do Dia do Jornalista, acontecerá no dia 09/04, no Auditório do Centro de Convenções de Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), às 19 horas, uma palestra com a jornalista Beatriz Bissio, que por muitos anos exerceu o cargo de editora da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Beatriz falará sobre as experiências adquiridas com a revista, relatando fatos sobre o cotidiano na redação do veículo. Atualmente ela é assessora de Relações Internacionais do Governo do Maranhão.


A REVISTA

A revista Caderno do Terceiro Mundo, criada em 1974, na Argentina, foi a realização profissional de um grupo de jornalistas que combatiam ferozmente os regimes ditatórias na América Latina. Entre os fundadores estavam Neiva Moreira, brasileiro exilado na terra do Tango, Pablo Piacentini, que era argentino e a jovem uruguaia (naturalizada brasileira) Beatriz Bissio.

O objetivo da revista era abordar as questões mais sensíveis aos povos que lutavam contra a colonização – na América Latina, na África do Sul ou na Ásia – para isso trabalhavam com a visão de jornalismo social. Nessa perspectiva, suas matérias puderam mostrar melhor as histórias, personagens e cenas que praticamente não eram expostas na mídia convencional. A revista conseguiu mostrar por outro ângulo as guerras civis de Angola e Moçambique, conflitos no Oriente Médio e a questão do apartheid na África do Sul. A publicação era feita para mostrar as mazelas do terceiro mundo, procurando sempre sensibilizar o mundo com as matérias que mostravam o casamento inseparável da miséria e da pobreza em alta escala. Por essas questões vale a pena conferir esse evento, já que atualmente esse tipo de jornalismo está quase extinto.

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